domingo, 19 de março de 2006

Homens

domingo, 12 de março de 2006

12 X 14, ou C'est bon

Lição de Baião

Jadir de Castro + Daniel Marechal

Adriana Partimpim (aka Calcanhotto, oui)

Un, deux

S’il vous plaît

Montrez, ma chérie,

Que vous savez danser

Jogue o corpo para lá

Jogue o corpo para cá

O corpo e...

Tudo legal pra começar

O Seu Renato, o professor

Já vai chegar pra lhe explicar

E os defeitos Seu Renato

Logo os corrigirá

Apprenez la leçon

Dansez le baion

Allons-y, dansons

Ah ! Que c’est bon !

Meio que combinando com o dia de hoje, o 14, não o 12, claro. Fofo.

sábado, 11 de março de 2006

11 X 14, ou Impressionante

Primeiro fake post após retomada do 14.

Se encontrar rastros do real um dia, faço os acertos de conta.

Por ora, ordem alfabética, ela:

Enguiço

- Adriana Calcanhoto -

Eu, hoje, ando atrás de algo impressionante

Que me mate de susto

Um impulso, um rompante

Que é pra me desviar desse mar de calmante

Rodei New York inteira e não te achei

Você mora em Belém

Eu sempre andei atrás de alguém pra andar na frente

Ah, eu quis me apaixonar assim perdidamente

Um engano redondo

O ciúme intuiu meio tarde demais

Ah, o meu orgulho já perdeu teu endereço

Mas o meu coração não

Eu não

Eu não esqueço

Eu, hoje, ando atrás de algo impressionante

Que me mate de susto

Um discurso, um romance

Que é pra me desviar desse mar de calmante

Rodei Belém inteira e não te achei

Você mora com alguém...

Bonitinha, não? And almost suitable, ainda por cima, que coisa.

sexta-feira, 10 de março de 2006

to tell - or not

Dia meio perdido, em tempo e dinheiro. Mas gramas e pessoas ganhas no final.

(e o que eu diria, afinal?, a verdade, sabe que você é bonita?, me faria cair numa mentira, a de ser homossexual ou quase, obviamente não era uma cantada, só aquela vontade louca, poder dizer a um garoto num ônibus, você é muito bonito, poder dizer a um cara numa farmácia, você é muito bonito, poder, enfim, dizer a um travesti numa praça, você é muito bonita, declarar a beleza sempre que me desse na telha, mas transformaram tudo em tabu, e a minha temeridade é mais teórica que prática, e que imagem a reta formada por nós duas caminhando a alguns passos uma da outra, ela indo e eu voltando, ela tão sexy e eu tão pouco, vulgaridades tantas)

Astolfa, amiga!... Hoje foi Madonna, então esta é pra você (aprender, tu compris?):

Live to tell - letra: Madonna + Pat Leonard - I have a tale to tell / Sometimes it gets so hard to hide it well / I was not ready for the fall / Too blind to see the writing on the wall / A man can tell a thousand lies / I've learned my lesson well / Hope I live to tell / The secret I have learned / 'Till then / It will burn inside of me / I know where beauty lives / I've seen it once / I know the warm she gives / The light that you could never see / It shines inside / You can't take that from me / A man can tell a thousand lies / I've learned my lesson well / Hope I live to tell / The secret I have learned / ‘Till then / It will burn inside of me / The truth is never far behind / You kept it hidden well / If I live to tell / The secret I knew then, / Will I ever have the chance again? / If I ran away / I'd never have the strength / To go very far / How would they hear the beating of my heart? / Will it grow cold, / The secret that I hide? / Will I grow old? / How will they hear? / When will they learn? / How will they know? / A man can tell a thousand lies / I've learned my lesson well / Hope I live to tell / The secret I have learned / 'Till then / It will burn inside of me / The truth is never far behind / You kept it hidden well / If I live to tell / The secret I knew then / Will I ever have the chance again?

[Viver para contar - Tenho uma história para contar / Às vezes, fica tão difícil escondê-la bem / Eu não estava pronta para a queda / Cega demais para ver que logo tudo desmoronaria* / Um homem pode contar mil mentiras / Aprendi bem a minha lição / Espero que eu viva para contar / O segredo que aprendi / Até então / Ele queimará dentro de mim / Sei onde a beleza mora / Eu a vi uma vez / Conheço o calor que ela dá / A luz que você nunca conseguiu ver / Ela brilha por dentro / Você não pode tirar isso de mim / Um homem pode contar mil mentiras / Aprendi bem a minha lição / Espero que eu viva para contar / O segredo que aprendi / Até então / Ele queimará dentro de mim / A verdade nunca está muito longe / Você a manteve bem escondida / Se eu viver para contar / O segredo que eu então sabia / Algum dia eu terei a chance de novo? / Se eu corresse / Eu nunca teria a força / Para ir muito longe / Como eles escutariam as batidas do meu coração? / Ele esfriará, / O segredo que escondo? / Eu envelhecerei? / Como eles escutarão? / Quando eles aprenderão? / Como eles saberão? / Um homem pode contar mil mentiras / Aprendi bem a minha lição / Espero que eu viva para contar / O segredo que aprendi / Até então / Ele queimará dentro de mim / A verdade nunca está muito longe / Você a manteve bem escondida / Se eu viver para contar / O segredo que eu então sabia / Algum dia terei a chance de novo?]

* “see the writing on the wall” é, de acordo com o Longman, uma expressão “usada para dizer que parece muito provável que algo não existirá por muito mais tempo ou que alguém fracassará” – escolhi “ver que logo tudo desmoronaria” por causa da idéia de fim, de fracasso e também pelo jogo com as palavras “fall (queda)” do verso anterior e “wall (muro, parede)” do verso original em questão
[e, sim, você aí que está em dúvida, “tu compris?” é algo como “entende?”]

quinta-feira, 9 de março de 2006

No congratulations

o errado bem ao lado, o resultado positivo da coincidência de dois atrasos, o beijo e a mordida do (a)trair-se de duas línguas, o querer-mas-não-poder por um sem fio, tanto carinho e cuidado nas facadas de uma aliteração, o disfarce do dever mesmo ao mesmo sangue, as surpresas do sentir-se surda e ouvir demais, o arrotar elogios ao engolido, a proteção presente apenas quando não procurada, a metade no todo mais um décimo e uns quebrados, o inédito do ser um dois desnecessário, a sinceridade tão (in)desejada das gentes, a indecisão e o (es)correr em meio a meio quarteirão, o esconder-se no conhecido do caminho da cama, a enrolação até o desenrolar-se em flores pontos-de-luz nas pontas das orelhas, o resultado outro de outra coincidência de dois atrasos, o enfim ser adivinhada e que fim em ser tão apresentada, o silêncio de ouro entre o bater de tanta lata, o digerir um pouco de joio junto com o trigo, o adoçar de um sonho em pedaço, a vontade de não vomitar

Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.

Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.

Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.

Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.


(e ser chamada, por extensão, de retaguarda e ornamento em um discurso que se queria elogioso e ganhar prendedores de plástico colorido, e divertido, é verdade, mas nem por isso menos prendedores de roupa, no tal dia internacional das mulheres até parece piada, houve também o vasinho de flores, mas acho que sei lidar melhor com espinhos, para rasgar os olhos fechados e marcar-se fundo a ferro e fogo com o esclarecimento, ainda que obscuro porque múltiplo, desse dia, clique aqui, mulher mesmo, não mulher mansa)

(créditos: Clarice, a de flor no nome e espinho no peito)

quarta-feira, 8 de março de 2006

(in)convenientes

acordar, então, ainda que mal se tenha dormido, um bom motivo desta vez, desfrutar de um bom papo com amiga das mais queridas e de bons biscoitos feitos para essas fomes de madrugadas, fomes que dóem menos e biscoitos que alimentam mais porque compartilhados, outros dois motivos, um bom, desfrutar da companhia desta que me alegra só com o poder chamá-la amiga, e outro nem tanto, enfrentar uma fila de banco no tentar agradar à prima a mais querida, alguns minutos neste caso, duas horas duas-horas-mesmo no outro, três passadas quando das panquecas de um vegetal que me faz pensar em espinafre mas que não é espinafre, e o tragicômico estar-no-lugar-errado-na-hora-errada-falando-a-coisa-errada, desnovelar o embaraço em riso, um riso tão riso e meio castigo que chega a doer na boca do estômago, só a gente mesmo, imagine se não fosse só a gente, a Rô também, teria sido muito pior, ou melhor, dependendo do ponto-de-vista, tragédia ou comédia, não vou dizer aquela do pedaço de mim, mas não deixa de ser melancólico ver um pedaço de você escapar pela janela do ônibus, depois de você, só o sono rotineiro e roteiros de sonho, um bom ponto final, dependendo do ponto-de-vista, claro, ou não tão claro assim

you think i got my eyes closed, but i’m looking at you the whole fucking time

[você pensa que meus olhos estão fechados, mas estou olhando pra você a porcaria do tempo todo]

(créditos: Pearl Jam)

terça-feira, 7 de março de 2006

So sweet

Aula com o doido do João, que já se apresentou de mentirinha como Rosana. Pagamento muito atrasado de uma dívida com a Márcia, que na verdade vai enviá-lo para Portugal. Encontro com o João e a Gislaine, que parecem estar bastante comprometidos com seus respectivos projetos para este ano. Conversa breve com o Zaga, que parece ter ficado feliz com o pão-de-mel com recheio de ameixa.

então, de repente, é Américo e seus peixinhos e suas frutas artificiais, o deitar-se no banco de trás e o engolir-se pela cama, trinta minutos e nada de brincar de espiã, três horas e muito com o que bancar a dona-de-casa, mas fico feliz, tanto por você, quanto por mim, é sempre uma alegria recebê-la, minha amiga, você viu como a Lílis gosta da Tia Si, é até maldade ficar assim sem aparecer, a gente se rói de saudade

(e se eu fizesse de conta bem direitinho que as paredes do meu quarto são azulejadas e que eu sou criança, você compraria uns metros daquela faixa das Meninas Super-Poderosas pra mim, mãe, compraria?!...)

... so sahen sie, daß das Häuslein aus Brot gebaut war und mit Kuchen gedeckt; aber die Fenster waren von hellem Zucker... [... assim, eles viram que a casinha era feita de pão e coberta com bolo; mas as janelas eram de açúcar – açúcar o quê, claro? Não, não deve ser. Perdoem. Preciso com urgência de um dicionário decente de alemão.]

(crédito aos irmãos Grimm, que chamam os nossos João e Maria de Hänsel e Gretel)

segunda-feira, 6 de março de 2006

Bença, Mestre!

Eu sabia que ele estaria lá. Nove anos atrás, meu melhor professor de matemática do colegial e um dos dois melhores da minha vida. Quase nove horas atrás, um dos melhores sambistas da cidade e, pelo visto, da região. Obrigada pela oportunidade da Fuvest e da Vunesp, Teroca. Obrigada pela oportunidade de sorrir muito e de dançar um pouquinho, Teroca.

Regra três - Vinicius de Moraes e Toquinho - Tantas você fez que ela cansou / Porque você, rapaz, / Abusou da regra três, / Onde menos vale mais / Da primeira vez ela chorou, / Mas resolveu ficar / É que os momentos felizes / Tinham deixado raízes no seu penar / Depois perdeu a esperança / Porque o perdão também cansa de perdoar / Tem sempre o dia em que a casa cai / Pois vai curtir seu deserto, vai, / Mas deixe a lâmpada acesa / Se algum dia a tristeza quiser entrar / E uma bebida por perto / Porque você pode estar certo que vai chorar...

Tempo de amor - Vinicius de Moraes e Baden Powell - Ah, bem melhor seria / Poder viver em paz / Sem ter que sofrer / Sem ter que chorar / Sem ter que querer / Sem ter que se dar / Mas tem que sofrer / Mas tem que chorar / Mas tem que querer / Pra poder amar / Ah, mundo enganador / Paz não quer mais dizer amor / Ah, não existe coisa mais triste que ter paz / E se arrepender, e se conformar / E se proteger de um amor a mais / O tempo de amor / É tempo de dor / O tempo de paz / Não faz nem desfaz / Ah, que não seja meu / O mundo onde o amor morreu...

Samba da bênção - Vinicius de Moraes e Baden Powell - ::cantado:: É melhor ser alegre que ser triste / Alegria é a melhor coisa que existe / É assim como a luz no coração / Mas pra fazer um samba com beleza / É preciso um bocado de tristeza / É preciso um bocado de tristeza / Senão, não se faz um samba, não / ::falado:: Senão, é como amar uma mulher só linda / E daí? Uma mulher tem que ter / Qualquer coisa além da beleza / Qualquer coisa de triste / Qualquer coisa que chora / Qualquer coisa que sente saudade / Um molejo de amor machucado / Uma beleza que vem da tristeza / De se saber mulher / Feita apenas para amar / Para sofrer pelo seu amor / E pra ser só perdão / ::cantado:: Fazer samba não é contar piada / Quem faz samba assim não é de nada / O bom samba é uma forma de oração / Porque o samba é a tristeza que balança / E a tristeza tem sempre uma esperança / A tristeza tem sempre uma esperança / De um dia não ser mais triste, não / Feito essa gente que anda por aí / Brincando com a vida / Cuidado, companheiro! / A vida é pra valer / E não se engane não, tem uma só / Duas mesmo que é bom / Ninguém vai me dizer que tem / Sem provar muito bem provado / Com certidão passada em cartório do céu / E assinado embaixo: Deus / E com firma reconhecida! / A vida não é de brincadeira, amigo / A vida é arte do encontro / Embora haja tanto desencontro pela vida / Há sempre uma mulher à sua espera / Com os olhos cheios de carinho e as mãos cheias de perdão / Ponha um pouco de amor na sua vida / Como no seu samba / Ponha um pouco de amor numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração / ::falado:: Eu, por exemplo, o capitão do mato, / Vinicius de Moraes, / Poeta e diplomata, / O branco mais preto do Brasil, / Na linha direta de Xangô, saravá! / A bênção, Senhora / A maior ialorixá da Bahia / Terra de Caymmi e João Gilberto / A bênção, Pixinguinha / Tu que choraste na flauta / Todas as minhas mágoas de amor / A bênção, Sinhô, a bênção, Cartola / A bênção, Ismael Silva / Sua bênção, Heitor dos Prazeres / A bênção, Nelson Cavaquinho / A bênção, Geraldo Pereira / A bênção, meu bom Cyro Monteiro / Você, sobrinho de Nonô / A bênção, Noel, sua bênção, Ary / A bênção, todos os grandes / Sambistas do Brasil / Branco, preto, mulato / Lindo como a pele macia de Oxum / A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim / Parceiro e amigo querido / Que já viajaste tantas canções comigo / E ainda há tantas por viajar / A bênção, Carlinhos Lyra / Parceirinho cem por cento / Você que une a ação ao sentimento / E ao pensamento, a bênção / A bênção, Baden Powell / Amigo novo, parceiro novo / Que fizeste este samba comigo / A bênção, amigo / A bênção, maestro Moacir Santos / Que não és um só, és tantos / Tantos como o meu Brasil de todos os santos / Inclusive meu São Sebastião / Saravá! A bênção, que eu vou partir / Eu vou ter que dizer adeus / ::cantado:: Ponha um pouco de amor numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração / Ele é negro demais no coração / Ele é negro demais no coração


(e me pergunto se você, Alexandre, que não está lendo este post, ainda tem a “carta de despedida” dele...)

(Cris, Cris!... Se você estivesse aqui...)

domingo, 5 de março de 2006

(en)levando

tem coisas que, vou te contar, viu, tá, fechei a cara quando acenderam um cigarro num lugar fechado bem na minha frente, mas não me lembro de ter sorrido tanto assim num show antes, tirando showzinho de rock, claro, não conseguia nem cantarolar o quase-nada que sabia, era cantar ou sorrir, e parece que meus lábios de repente tinham vontade própria, o que geralmente me incomoda, hum, aquele conto do Cortázar em que uma das mãos, ou as duas mãos mesmo, não me lembro, do narrador-protagonista, é, narrador-protagonista, disto tenho quase certeza, então, ele de repente perde o controle sobre ela, ou elas, que seja, e não no sentido de alguma doença como o, bate-na-madeira, Parkinson, por exemplo, coitado do meu vô, agora me deu vontade de reler o conto, mas eu tava falando sobre o show e sobre como ele me fez sorrir, uma coisa meio gradual, no começo não era bem um sorriso, mas no final já era o sorriso, entendem, e se eu estivesse com saco pra isso hoje até me desafiaria com a metáfora-clichê da flor, mas quero falar das risadas, sim, risadas, nem eu acredito, e de como não resisti e aproveitei o aplaudir-de-pé do primeiro bis pra continuar de pé no segundo bis e, discretamente, é verdade, desmaiar, se matar não dava, aquela vontade de dançar que tava me dando

Teleco-teco - Vinicius de Moraes - Sempre que ela passa / Num passinho ligeiro, teleco-teco / Lá vai ela no passinho ligeiro / Todo mundo diz, teleco-teco / Meu Deus, quanta graça! / Mas logo alguém diz, teleco-teco / Que carinha fechada / Que não dá uma bola / Não ri pra piada / Não quer mesmo nada / Sempre que ela passa / Mas eu sei por quê, teleco-teco / Ela só anda assim, teleco-teco / Num passinho brejeiro, tiquinho, trançado / É porque ela sabe que conversa não dá resultado / De modo que guarda muito bem guardado / Aquele teleco-teco todinho pra mim / Porque ela guarda aquele teleco-teco todinho pra mim...

Todo o sentimento - Chico Buarque - Preciso não dormir / Até se consumar / O tempo da gente / Preciso conduzir / Um tempo de te amar / Te amando devagar e urgentemente / Pretendo descobrir / No último momento / Um tempo que refaz o que desfez / Que recolhe todo o sentimento / E bota no corpo uma outra vez / Prometo te querer / Até o amor cair / Doente, doente / Prefiro então partir / A tempo de poder / A gente se desvencilhar da gente / Depois de te perder / Te encontro com certeza / Talvez num tempo da delicadeza / Onde não diremos nada / Nada aconteceu / Apenas seguirei / Como encantado ao lado teu...

Vai levando - Chico Buarque e Caetano Veloso - Mesmo com toda a fama / Com toda a brahma / Com toda a cama / Com toda a lama / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa chama / Mesmo com todo o emblema / Todo o problema / Todo o sistema / Todo Ipanema / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa gema / Mesmo com o nada feito / Com a sala escura / Com um nó no peito / Com a cara dura / Não tem mais jeito / A gente não tem cura / Mesmo com o todavia / Com todo dia / Com todo ia / Todo não ia / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa guia / Mesmo com todo rock / Com todo pop / Com todo estoque / Com todo Ibope / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando esse toque / Mesmo com toda sanha / Toda façanha / Toda picanha / Toda campanha / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa manha / Mesmo com toda estima / Com toda esgrima / Com todo clima / Com tudo em cima / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa rima / Mesmo com toda cédula / Com toda célula / Com toda súmula / Com toda sílaba / A gente vai levando / A gente vai tocando / A gente vai tomando / A gente vai dourando essa pílula


(regra, teve também o de sempre, dois Conhecidos e outra sandália que eu não devia ter colocado, exceção, teve também o de nunca, um Desconhecido e outra vontade que eu não devia ter ignorado)
(não posso deixar de dar créditos à Miúcha, claro, e mesmo à cantora que dividiu parte do palco e dos aplausos com ela e de cujo nome não me lembro, que horror)

sábado, 4 de março de 2006

É preciso*

Mais um pouco e o Pessoa viraria Fernando. Se ele não fosse tão português*, Fernandinho, Nando, Fer, imaginem. (E o nosso amigo Cesinha, Beto? Português também, tá certo. Gente finíssima!...) Mas vou poupá-los dos detalhes deste nosso último dia juntos. A velha história do foi-bom-enquanto-durou-mas-já-tava-mais-do-que-na-hora-de-acabar.

E estou em processo de desenterrar os meus CDs. É, no mínimo, divertido, e às vezes a gente topa com alguns tesouros, uma Perolazinha aqui, um Diamante acolá... Tem muita bijuteria também, claro. Mas não ligo de usá-las, não – muito pelo contrário: aproveito, já que não sou alérgica a esse tipo de coisa. A (re)descoberta de hoje dedico à minha irmã (lembra?), na falta de alguém melhor* a quem dedicar... ;)

Cruisin’ (Navegar*)
- interpretada por Gwyneth Paltrow e Huey Lewis -

::ele:: Baby, let’s cruise (Meu bem, vamos navegar)
::ela:: Away from here (Para longe daqui)
::ele:: Don’t be confused (Não fique confusa)
::ela:: The way is clear (O caminho está livre*)
::eles:: And if you want it, you got it forever (E, se quiser, você terá isso pra sempre)
::eles:: This is not a one-night stand, baby (Isto não é uma-noite-e-nada-mais, meu bem)
::eles:: Yeah, so, let the music take your mind (Sim, então, deixe a música tomar conta da sua mente)
::eles:: Just release and you will find (Apenas libere-se e você descobrirá [que])
::eles:: You’re gonna fly away (Você vai voar pra longe)
::eles:: Glad you’re goin’ my way (Que bom que vamos pelo mesmo caminho)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::eles:: Music is played for love (A música é tocada para o amor)
::eles:: Cruisin’ is made for love (Navegar foi feito para o amor)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::ele:: Baby, tonight (Meu bem, esta noite)
::ela:: Belongs to us (Pertence a nós)
::ele:: Everything right (Tudo certo)
::ela:: Do what you mind (Faça o que tiver vontade)
::eles:: And inch by inch we get closer and closer (E, centímetro por centímetro, ficamos mais e mais próximos)
::eles:: To every little part of each other (De cada pedacinho um do outro)
::ela:: Ooh, baby, yeah (Oh, meu bem, sim)
::ele:: So, ::eles:: let the music take your mind (Então, deixe a música tomar conta da sua mente)
::eles:: Just release and you will find (Apenas libere-se e você descobrirá [que])
::eles:: You’re gonna fly away (Você vai voar pra longe)
::eles:: Glad you’re goin’ my way (Que bom que vamos pelo mesmo caminho)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::eles:: Music is played for love (A música é tocada para o amor)
::eles:: Cruisin’ is made for love (Navegar foi feito para o amor)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::ela:: Cruise with me, baby (Navegue comigo, meu bem)
::eles:: Ooh, ::ele:: yeah (Oh, sim)
::eles:: Ooh – ooh, ooh
::eles:: Ooh, baby, let’s cruise (Oh, meu bem, vamos navegar)
::ela:: Let’s float, let’s glide (Vamos flutuar, vamos deslizar)
::eles:: Ooh, let’s open up (Oh, vamos nos abrir)
::ela:: And go inside (E entrar)
::eles:: And if you want it, you got it forever (E, se quiser, você terá isso pra sempre)
::eles:: I could just stay here beside you and love you, baby (Eu poderia só ficar aqui ao seu lado e amar você, meu bem)
::eles:: Let the music ::ela:: take your mind (Deixe a música tomar conta da sua mente)
::eles:: Just release and ::ele:: you will find (Apenas libere-se e você descobrirá [que])
::eles:: You’re gonna fly away (Você vai voar pra longe)
::eles:: Glad you’re goin’ my way (Que bom que vamos pelo mesmo caminho)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::eles:: Music is played for love (A música é tocada para o amor)
::eles:: Cruisin’ is made for love (Navegar foi feito para o amor)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::eles:: You’re gonna fly away (Você vai voar pra longe)
::eles:: Glad you’re goin’ my way (Que bom que vamos pelo mesmo caminho)
::eles:: I love it when we’re cruisin’ together (Adoro quando estamos navegando juntos)
::eles:: Music is played for love (A música é tocada para o amor)
::eles:: Cruisin’ is made for love (Navegar foi feito para o amor)
::eles:: I love it when (Adoro quando)
::eles:: I love it (Adoro)
::eles:: I love it (Adoro)
::eles:: I love it (Adoro)
::ela:: Oh
::ele:: Cruise with me, baby (Navegue comigo, meu bem)
::ela:: I love it when we’re cruisin’ together
(Adoro quando estamos navegando juntos)

* a priori, nada contra os portugueses e, a posteriori, não muita coisa contra a minha irmã – quando digo “se ele não fosse tão português”, quero dizer algo como “se ele não fosse assim tão... tão... fechado, acho” e, quando digo “na falta de alguém melhor a quem dedicar”, quero dizer algo como “na falta de alguém, digamos, mais adequado a quem dedicar”

* sei que ficou estranho isso do “navegar” misturado a “voar”, “flutuar”, “deslizar”, mas tenho motivos para preferir a idéia básica do navegar presente em “cruise” ao invés da possibilidade, por exemplo, do “viajar”: 01. já que eles têm o verbo “travel” para a idéia básica do viajar, mas não o utilizaram na letra, muito provavelmente é porque não era bem essa a idéia que queriam passar 02. no caso, “cruise” é muito mais, digamos, poético do que “travel”, e o mesmo acaba valendo para “navegar” e “viajar” 03. ou minha péssima memória muito me engana, ou o navegar é um detalhe literal na história do filme

* “the way is clear”, além de “o caminho está livre”, pode significar também “o caminho é claro”, tanto no sentido de algo como “nítido”, quanto de “óbvio”, por aí


O filme não é lá essas coisas, mas achei a trilha irresistível. Um álbum que rende letra o suficiente pra eu me divertir durante vários dias aqui. Preencher uns vazios, quem sabe? Sem contar que a dupla aí de cima realmente funciona (dá até vontade de brincar com uma velha piadinha cretina, como-atores-eles-são-ótimos-cantores). Não vendo por menos do que semi-jóia.

(a quem – , mãe? – estiver estranhando o tanto de coisa “romantiquinha” neste blog, estrago o filme, então: eles não são um “casal” no sentido restrito do termo, são pai e filha, tá certo que cantam justamente isso juntos porque era o que ele cantava com a mãe dela, mas não se trata de um “e-viveram-felizes-para-sempre”, muito pelo contrário, e não digo mais nada porque, afinal de contas, se quisesse fazer uma sinopse do filme, teria dedicado o post a ele, não à canção, e talvez ainda faça isso um dia se o vir de novo, por que não?)
* ah, Beto, agora me lembrei do “é absolutamente necessário”!... Ou não era bem essa a expressão? Minha memória, de novo. Ou melhor, a falta dela.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Epifania

A beleza é tanta e eu sou tão fraca. Uma oferenda a vocês que eu amo. Não liguem pras lágrimas. É que, como o Marco de Fale com ela diz do Caetano, eu poderia dizer que ese Milton me pone los pelos de punta. Por Ele eu até acreditaria em deus. Me pergunto se a versão original, coincidentemente em espanhol, também funciona. Essa em português eu baixei e também ofereço, não só a quem amo, mas a quem quiser.

guardanapos de papel - interpretada por milton nascimento - na minha cidade tem poetas poetas que chegam sem tambores nem trombetas trombetas e sempre aparecem quando menos aguardados guardados guardados entre livros e sapatos em baús empoeirados saem de recônditos lugares nos ares nos ares onde vivem com seus pares seus pares seus pares e convivem com fantasmas multicores de cores de cores que te pintam as olheiras e te pedem que não chores suas ilusões são repartidas partidas partidas entre mortos e feridas feridas feridas mas resistem com palavras confundidas fundidas fundidas ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas não desejam glórias nem medalhas medalhas medalhas se contentam com migalhas migalhas migalhas de canções e brincadeiras com seus versos dispersos dispersos obcecados pela busca de tesouros submersos fazem quatrocentos mil projetos projetos projetos que jamais são alcançados cansados cansados nada disso importa enquanto eles escrevem escrevem escrevem o que sabem que não sabem e o que dizem que não devem andam pelas ruas os poetas poetas poetas como se fossem cometas cometas cometas num estranho céu de estrelas idiotas e outras e outras cujo brilho sem barulho veste suas caldas tortas na minha cidade tem canetas canetas canetas esvaindo-se em milhares milhares milhares de palavras retorcidas e confusas confusas confusas em delgados guardanapos feito moscas inconclusas andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo o que eles veêm nos vão dizendo dizendo e sendo eles poetas de verdade enquanto espiam e piram e piram não se cansam de falar do que eles juram que não viram olham para o céu esses poetas poetas poetas como se fossem lunetas lunetas lunáticas lançadas ao espaço e ao mundo inteiro inteiro inteiro fossem vendo pra depois voltar pro rio de janeiro

(deondeseráquevemessepiquequefazeumesentirtãobemnofimdodiaquestõesfinanceirasà parte)

By epiphany he meant a sudden spiritual manifestation, whether in the vulgarity of speech or gesture, or in a memorable phrase of the mind itself. He believed that it was for the man of letters to record these epiphanies with extreme care, seeing that they themselves are the most delicate and evanescent of moments.

[Por epifania, ele entendia uma súbita manifestação espiritual, quer na trivialidade da fala ou do gesto, quer numa expressão memorável da mente em si. Acreditava que cabia ao homem de letras registrar tais epifanias com extremo cuidado, visto que elas mesmas são os mais delicados e efêmeros momentos da vida.]

(créditos ainda não creditados: James Joyce)
(mais créditos não creditados: Chico, meu amigo, você, claro)

quinta-feira, 2 de março de 2006

Home, sweet home

Das Mädchen zeichnet viele Häuser. (A menina desenha muitas casas.)
Viele Häuser zeichnet das Mädchen. (Muitas casas desenha a menina.)
Es zählt die Häuser. (Ela conta as casas.)
Wie viele Häuser zeichnet das Mädchen? (Quantas casas a menina desenha?)

Verbos ou locuções verbais como “tinha-me levantado” (segundo parágrafo), “esquecera” (segundo parágrafo), “vestira” (terceiro parágrafo) e “haver chovido” (quarto parágrafo) – ou seja, basicamente as ocorrências do pretérito mais-que-perfeito do indicativo – ainda evocam o encadeamento de ações no correr do tempo, como o faz o pretérito perfeito do indicativo no parágrafo inicial do fragmento; outros, como “é” (terceiro parágrafo), “serve” (terceiro parágrafo), “levam” (quinto parágrafo), “esquecem” (quinto parágrafo), “mancham” (quinto parágrafo) – isto é, as ocorrências do presente do indicativo –, conferem, às afirmações em que se inserem, principalmente um caráter de hábito ou de verdades gerais; outros, ainda – conjugados no modo subjuntivo e no futuro do pretérito do indicativo –, apontam para impossibilidades (“conversas firmes e contínuas que, se fossem, teriam sido”, PESSOA, 1994, p. 67, grifos nossos).

(sorrisos francos e mau-cheiro, suor e aparência de gente trabalhadora e honesta, por mim demoliria tudo, mas sei que a grana e a lei, menos o pé de acerola, coitado do abacateiro, grande demais pra viver e grande demais pra morrer, mas faço questão do suco e dos passarinhos)

refazenda - gilberto gil - abacateiro acataremos teu ato nós também somos do mato como o pato e o leão aguardaremos brincaremos no regato até que nos tragam frutos teu amor teu coração abacateiro teu recolhimento é justamente o significado da palavra temporão enquanto o tempo não trouxer teu abacate amanhecerá tomate e anoitecerá mamão abacateiro sabes ao que estou me referindo porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo cedo antes que o janeiro doce manga venha ser também abacateiro serás meu parceiro solitário nesse itinerário da leveza pelo ar abacateiro saiba que na refazenda tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar refazendo tudo refazenda refazenda toda guariroba
(já ia me esquecendo dos meus próprios créditos, a tal monografia do português)

quarta-feira, 1 de março de 2006

Pedidos II

até parece que adivinharam, algo pra preencher o vazio, passar o dia organizando ficções, ordem alfabética em tensão com exceções, a música, a animação, o musical, a literatura, o sexo, a guerra, o inglês, o pitt, o day-lewis, o depp, o francês, o almodóvar, o espanhol, o alemão, o nacional, um vício que me apontaram, aquelas que ficam felizes por qualquer coisa, agora faltam dez, e sou mesmo muito humana e muito burra se é verdade que errar é humano mas repetir o erro é burrice, pelo menos me preocupo com o meio-ambiente

every night on my knees I pray dear lord hear my plea don't ever let another take his love from me or I will surely die heavenly when your arms enfold me I hear a tender rhapsody but in reality he doesn't even know me

[toda noite de joelhos eu rezo querido deus ouça o meu apelo nunca deixe outra me roubar o amor dele ou eu certamente morrerei é divino quando os seus braços me envolvem eu ouço uma terna rapsódia mas na verdade ele nem me conhece]

(créditos: conheço da trilha sonora de Duets – vem cantar comigo, a ela-é-insossa-e-tem-cara-de-antipática-mas-até-que-canta-bem da Gwyneth Paltrow e Babyface)