No congratulations
o errado bem ao lado, o resultado positivo da coincidência de dois atrasos, o beijo e a mordida do (a)trair-se de duas línguas, o querer-mas-não-poder por um sem fio, tanto carinho e cuidado nas facadas de uma aliteração, o disfarce do dever mesmo ao mesmo sangue, as surpresas do sentir-se surda e ouvir demais, o arrotar elogios ao engolido, a proteção presente apenas quando não procurada, a metade no todo mais um décimo e uns quebrados, o inédito do ser um dois desnecessário, a sinceridade tão (in)desejada das gentes, a indecisão e o (es)correr em meio a meio quarteirão, o esconder-se no conhecido do caminho da cama, a enrolação até o desenrolar-se em flores pontos-de-luz nas pontas das orelhas, o resultado outro de outra coincidência de dois atrasos, o enfim ser adivinhada e que fim em ser tão apresentada, o silêncio de ouro entre o bater de tanta lata, o digerir um pouco de joio junto com o trigo, o adoçar de um sonho em pedaço, a vontade de não vomitar
Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.
Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.
Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.
Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.
(e ser chamada, por extensão, de retaguarda e ornamento em um discurso que se queria elogioso e ganhar prendedores de plástico colorido, e divertido, é verdade, mas nem por isso menos prendedores de roupa, no tal dia internacional das mulheres até parece piada, houve também o vasinho de flores, mas acho que sei lidar melhor com espinhos, para rasgar os olhos fechados e marcar-se fundo a ferro e fogo com o esclarecimento, ainda que obscuro porque múltiplo, desse dia, clique aqui, mulher mesmo, não mulher mansa)
Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.
Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.
Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.
Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.
(e ser chamada, por extensão, de retaguarda e ornamento em um discurso que se queria elogioso e ganhar prendedores de plástico colorido, e divertido, é verdade, mas nem por isso menos prendedores de roupa, no tal dia internacional das mulheres até parece piada, houve também o vasinho de flores, mas acho que sei lidar melhor com espinhos, para rasgar os olhos fechados e marcar-se fundo a ferro e fogo com o esclarecimento, ainda que obscuro porque múltiplo, desse dia, clique aqui, mulher mesmo, não mulher mansa)
(créditos: Clarice, a de flor no nome e espinho no peito)
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