quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

People, man, people...


Um mês e um dia e este é o terceiro filme ao qual assisto que traz à tela judeus. Acredito em coincidências acima de muitas coisas, mas desta vez seria tolice. Que nenhuns malucos suicidas-assassinos o tomem como inspiração.

O Mathieu Kassovitz reconheci após algumas cenas de hesitação – sim, o Nino Quincampoix da Amélie Poulain, aquele que disse preferir dirigir a atuar! O Geoffrey Rush reconheci após alguns minutos de confirmação – sim, o Marquês de Sade, o Capitão Barbossa (assim mesmo, com esses dois esses horríveis)! O Eric Bana reconheci após algumas horas de distração – sim, o Heitor de Tróia, aquele que me lembra um desses nossos galãzinhos globais!

Duas horas e quarenta e cinco minutos que se sustentam sem problemas devido às excelentes atuações, à ótima direção e à boa história. E eu nem sabia que o Spielberg era o diretor. E eu nem sabia que o Spielberg era judeu.

no amor:

(Avner) How long into pregnancy are you supposed to stop having sex? [Em que período da gravidez você deve parar de ter relações sexuais?]
(Daphna) Labor. [No parto.]

(Avner) ::about their newborn baby:: She's frightfully ugly. [::sobre o bebê recém-nascido deles:: Ela é assustadoramente feia.]
(Daphna) She takes after her father. [Puxou ao pai.]

(Daphna) We should stay at home. [Deveríamos ficar em casa.]
(Avner) You are the only home I ever had. [Você é a única casa que já tive.]
(Daphna) ::laughs:: This is so corny! [::ri:: Que brega!]
(Avner) What? That took a lot for me to say! [Quê? Me custou muito dizer isso!]
(Daphna) I bet. Why did I have to marry a sentimentalist? You're ruining my life. [Com certeza. Por que tive que casar com um sentimentalista? Você está arruinando a minha vida.]
(Avner) ::to their newborn baby:: Your mother's teasing me. [::para o bebê recém-nascido deles:: A sua mãe está me provocando.]


e na guerra:

(Golda Meir) Forget peace for now. We have to show them we're strong. [Esqueçam a paz por enquanto. Temos que mostrar a eles que somos fortes.]

(Steve) Don’t fuck with the Jews. [Não mexa com os judeus.]

(Ephraim) We kill for our future. We kill for peace. [Matamos pelo nosso futuro. Matamos pela paz.]


Inglês, árabe, alemão, hebraico, italiano, francês – em que outro filme se podem ouvir tantas línguas? Preciso comprar o DVD. E novamente a tal história da importância de se dividir a mesa com alguém.

A mesma sombrinha, as mesmas sandálias, talvez até a mesma água. Croissant de chocolate por falta de opção, batom de chocolate ao leite pelo preço, água mineral pela conveniência. Me irrita deduzir que todas essas pessoas são a elite cultural da cidade e/ou a elite intelectual da cidade e/ou a elite financeira da cidade. Me irrita mais ainda deduzir que eu sou uma dessas pessoas, perdida entre dois desses e/ous. Mas lá vem a força, lá vem a magia dessa mulher que, perdida entre tantos uoous, me apazigua. A segunda ou terceira parece dedicada a todas essas pessoas, a todos nós:

Pré-pós-tudo-bossa-band - composição: Zélia Duncan e Lenine - Todo mundo quer ser bacana, álbuns, fotos, dicas pro fim de semana, filmes, sebos, modas, cabelos, cabeça feita, receitas perfeitas, descobertas geniais, todo mundo acha que é novo, tribos, gírias, grifes, adornos, ritmos exóticos, viagens experimentais, pré-pós-tudo-bossa-band, mente que sempre muito bem, pré-pós-tudo-bossa-band, gosto que me enrosco em quem?, pré-pós-tudo-bossa-band, não sei, mas tô dizendo amém, todo mundo quer ser da hora, tem nego sambando com o ego de fora, caras, bocas, marcas, estilos, o ó do bobó, o rei da cocada, a pedra fundamental, todo mundo quer ser de novo o novo, o ovo de pé, o estouro, ícones atlânticos, o dono da voz crucial, pré-pós-tudo-bossa-band, não vi, mas sinto que já vem, pré-pós-tudo-bossa-band, moderno, eu não te enxergo bem, pré-pós-tudo-bossa-band, tá cego, mas tá guiando alguém.

É a minha cidade, e é a primeira dessa mini-turnê pelos SESCs do país.
É a minha cidade, e é a terceira mais arborizada do país, perdendo apenas para o Rio e para Curitiba.
Não é grande coisa, mas é a minha cidade.
(créditos que faltaram ao longo do post: aos roteiristas de Crash – no limite, aos roteiristas de Munique e ao Milton)