quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Tons de verde

Uma ânsia de andar que deve ser vontade de fugir camuflada. Aos gramáticos de plantão, vontade camuflada ou fugir camuflada, que importa se o resultado é o mesmo. E uma conexão há muito dada como perdida. Amor e ódio, pulsão de vida e pulsão de morte, Eros e Tânatos. Uma mulher, a mulher, tanto e tão pouco. Tanto. E ódio nem é ódio, é licença poética. Deveria expor mais meu sorriso e conter mais meus dentes. Mas não quero falar sobre isso agora. Ela merece bem mais. De resto, pés calejados, dinheiro rasgado, macarrão japonês alho-e-óleo, vinho barato. Aniversário de saopaulo, interurbano a centavos, Cortázar e Harry Potter ao telefone, o futuro e o passado, e o presente sou eu em minha cama matando as saudades do que ainda vai ser e antecipando o que já foi. Tão clichê. Mas eu sei que a vida é euforia (ou não é vida, talvez Breton em uma autoparódia que lhe atribuo eu, “La vie sera EUPHORIQUE ou ne sera pas.”)

(eu disse que o palmeiras, não disse?)

Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
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(créditos explícitos: Clarice – ainda ela / créditos implícitos: Freud e Breton)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Definitivamente, o seu medo de escrever é infundado. Não sei escrever de maneira tão linda, mas a minha emoção é sincera. Obrigada por me conceder este dia. Muito obrigada.

27/1/06 23:17  

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