Carta aberta
As reações que palavras podem provocar. Felicidade em gotas com gosto de sal. De saudade. “Há uma coisa que se chama tempo, Rocamadour, é como um bicho que anda e anda.” Deixemo-lo andar. Ou, em um dos meus incontáveis (inter)textos, “O tempo, esse bicho que anda e anda, lagarta a roer o verde das folhas.” Um verde que, apesar de tanta voracidade, talvez nunca se acabe, esperança, esperemos. E eu disse que saudade pode sufocar, não disse? Mas deve ser exatamente por quase nos matar que ela não nos deixa morrer. Falando em matar-e-morrer e voltando ao tempo e a outro de meus (inter)textos, “O tempo realmente cura, se não mata, e restam as cicatrizes.” Ou então, como já disseram da solidão, em um texto que gostaria de que fosse meu, afinal “certas canções que ouço...”, a saudade também deve ser “amiga das horas, prima-irmã do tempo.” E às vezes pode parecer que todas as minhas portas estão trancadas. Mas como, se nunca sei onde deixei as minhas chaves? Sometimes I do want to be disturbed, I must confess. Um abraço, por exemplo, e, com o perdão da não-permissão da citação, achei tão bonito, “Eu só queria, agora, estar perto de você. E te dar um abraço.” Um que nos acompanhe pelo resto do tempo.
Quanto ao resto, quanto resto, tanta perda. Eu precisava daquela meia hora, mas dizer o quê? E, hey, Mr. DJ, put that f*cking record off.
Quanto ao resto, quanto resto, tanta perda. Eu precisava daquela meia hora, mas dizer o quê? E, hey, Mr. DJ, put that f*cking record off.
(textos: Julio Cortázar, Milton Nascimento, Alceu Valença, Madonna, uma amiga e eu)
1 Comments:
Amor Amigo (Milton Nascimento e Fernando Brant)
O que eu vou dizer
você nunca ouviu de mim
pois minha timidez
não me deixou falar por muito tempo
para mim você é a luz
que revela os poemas que fiz
me ensina a viver
me ensina a amar
quem conhece da terra e do sol
muito sabe os mistérios do mar
o que eu vou dizer
você nunca ouviu de mim
pois quieto que sou
só sabia sangrar, sangrar cantando
quantas vezes eu quis me abrir
e beijar e abraçar com paixão
mas as palavras que devia usar
fugiam de mim, recolhidas na minha prisão
o que eu vou dizer
você nunca ouviu de mim
pois minha solidão
foi não falar, mostrar vivendo
quantas vezes eu quis me abrir
e as portas do meu coração
sempre pediam
seu amor é meu sol
e sem ele eu não saberia viver
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