sábado, 14 de outubro de 2006

Syn-

O acontecimento do dia, além de um breve “passeio” com uma de minhas tias no Centro (ótica, loja de móveis e etc., lojas de calçados, farmácia, 1,99s, loja de cosméticos e etc., supermercado, biblioteca fechada), foi receber, como sempre dentro do prazo, apesar do feriado, meu mais recente pedido do Submarino (o Ummagumma e o The Wall ao vivo, isto porque o de estúdio vacilei e deixei esgotar por um dia). Poderia descrever a armação para possíveis e urgentemente necessários óculos novos da qual mais gostei, ou dizer que não tenho a mínima idéia de o que a minha tia foi pagar na tal loja de móveis e etc., ou contar quanto tempo levei pra me decidir entre o 37 e o 38 de um par de sandálias pretas total e elegantemente clássicas/clean/básicas que levei meses pra encontrar, ou dar a minha opinião sobre o pacote de salgadinho e a barra de cereais que eu ainda não havia provado e que devorei logo após a saída da farmácia, ou rir em silêncio ao me lembrar das extintas balas alucinógenas descobertas pelas duas outras amebas em uma das lojas de 1,99 que visitei hoje, ou sorrir ao pensar na teimosa vaidade da minha avó ao exigir que lhe pintem as unhas com esmalte vermelho, ou enumerar todas as frutas que comprei como que a fim de compensar essa minha já longa fase de gulodice crônica que já me rendeu o tal quilo que eu precisava ganhar pra poder doar sangue novamente, ou – hum, este último “ou” acho que vou realizar, mesmo. Ele, no lugar do que não era “ou” e eu ia realizar de qualquer forma. A explicação para a troca assim súbita é que se pode, apenas pela leitura de um trecho de um livro, compreender razoavelmente (porque, afinal, essas coisas são todas razoavelmente relativas, mesmo) bem o prazer que sinto ao lê-lo, mas não se pode, apenas pela leitura da letra (sim, ou da tradução da letra, Rafa, se é que você ainda está aí) de uma canção, compreender razoavelmente bem o prazer que sinto ao escutá-la, assim como tampouco se pode, apenas pela leitura de um inventário (aprendi recentemente em uma aula sobre literatura pós-moderna a dar esse nome às velhas, e inúteis, diga-se bem, assim, de passagem, listas que eu sempre faço) de frutas, compreender razoavelmente bem o prazer que sinto ao comê-las. Por isso, o texto, “o prazer do texto”, como já escreveram, acho, se não me falha a memória, prazer bem sinestésico, no fim das contas, prazer bem prazer mesmo. E eu sorri tanto hoje!... Sorriso-visão, sorriso-audição, sorriso-paladar... Tão bom sorrir, com e sem sentido.

Amor 77

E depois de fazer tudo o que fazem, levantam-se, tomam banho, cobrem-se de talco, perfumam-se, penteiam-se, vestem-se, e assim progressivamente vão voltando a ser o que não são
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(todos os créditos ao meu querido Julio, ele que é)