domingo, 5 de fevereiro de 2006

Limites

(aquele repaso para a prova de espanhol vem bem a calhar, ¿qué cosas le aburren?, e respondi, me aburren las personas falsas, entre outras coisas, você realmente deve me considerar mais uma idiotinha qualquer que se deixa intimidar pelos seus olhares de ave de rapina, sim, eu vi você me inspecionar com cara de poucos amigos pelo retrovisor, sim, também ouvi você dizer que aumentara o som justamente para que parássemos de conversar no banco de trás, e gostaria de poder voltar no tempo agora que tenho uma resposta mais incisiva do que apenas continuar a falar livremente se era isso o que estava irritando você, adoraria poder ver a sua cara se eu tivesse pedido um minuto ao meu interlocutor, interrompido a conversa e perguntado, a propósito, obrigada pelas lições de cinismo, a gente tá atrapalhando?, que maldade essa sua mente torta pode ter detectado no que dizíamos tão abertamente, das duas, uma, ou você acha que eu sou muito burra ou você é quem é muito burro, se quiséssemos mesmo nos unir em uma conspiração contra você, e note que isso de temer é só para quem deve, hein, não o faríamos dentro do seu carro, em bom português, no mínimo estaríamos falando em francês, se uma piadinha me é permitida aqui, não sei se devo sentir raiva ou pena de um ser tão limitado como você)

(e ela podia ter dito uma coisa melhor digo eu, a gente faz o que pode pra agradar e leva mesmo assim, povo ingrato, cansaço, decepção)

mas a conversa foi mesmo ótima, sensação de finalmente estar entre seus pares, bom compartilhar lembranças e receios e projetos e risadas, o prazer aliviou o cansaço de trabalhar com isso madrugada adentro, sem contar a outra conversa também muito agradável da tarde, certamente um de meus poucos pares, uma vez mais e sempre o compartilhar, e nossa-como-o-tempo-passa

frase do dia, já citada em outro post, fuck you very much
(créditos: aos roteiristas de Crash – No limite)