De anjos e, ou De anjos a
Compensou chegar na aula às onze e ouvir que tenho uma boa impostação de voz. Imagine, fazer televisão. Teatro me atrai, sim, e me seria “útil”, inclusive, no sentido mais prático do termo mesmo. Mas me esqueci de dizer a ele que, quando criança, queria ser dubladora (dubladora? Whatever, dubladora, não dublê – desastrada que sou... Meu negócio parece mesmo ser voz, não corpo, embora o corpo, que hoje tanto me – anyway). Pena que precisa de licença de ator pra isso, pelo que eu saiba, ao menos se você não tem “Q.I.”. Fazer teatro, então, um dia, quem sabe. Vai que eu me descubro, vai que eu me encontro, ainda que num desses grupos da terceira idade, rs.
TV puxa teatro, teatro puxa cinema – então, falando nisso, pena que só havia eu pra ver Dois anjos, filme que me atraiu pelo cartaz mesmo, não me perguntem do que se trata, algo assim meio “cult”, pelo pouco que pude perceber. Véspera de feriado e quase ninguém no cinema, quase todo mundo pra ver as tais torres (que, sim, quero ver também, tendo visto já Vôo 93, mas hoje não cabia nos meus horários – hum, quem vê pensa!... rs) ou o tal grito, que coisa. Mas compensou descer de volta, parar na farmácia pelos frasquinhos coloridos, fingir um interesse que é meio verdadeiro por perfumes e acabar comprando três bombons diet deliciosos, uma supresa, rs.
Sim, e se um dia eu tiver uma banda (“se eu tiver uma banda”, rsrsrs!... Deveria escrever “se eu tivesse uma banda”, isso sim, mas...), na verdade, não eu, minha amiga Tania e eu, ela se chamará Caracóis do Mau. Se for gótica, boa sugestão da minha band partner, Grinaldas da Morte, que, aliás, parece coisa de viúva negra e tal, rsrsrs!... E se eu tiver outra banda, agora com a minha amiga Simone, ela se chamará Hamanaki, porque Minabata parece coisa de gente sádica, e a gente até que é boazinha, apesar de – deixa pra lá, rs. Os possíveis nomes pra minha impossível banda com a Si vêm dos nossos sobrenomes, claro. Já os possíveis nomes pra minha também impossível banda com a Tan deixo pra vocês adivinharem de onde vêm. Não, como eu disse que sou até que boazinha, um deles explico abaixo – o outro, dica: vem de um livro infantil de um escritor gaúcho que é um dos meus favoritos, nacional e internacionalmente falando. Pois é, não digo o nome do livro porque não me lembro, só isso, na verdade, rs...
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados... Era uma defunta!... (...)
E continua com uma cena de necrofilia, logo desfeita por catalepsia, seguida por delírio e morte, enfim. Sim, Álvares de Azevedo em seu “lado negro”, como vocês bem conhecem, o meu preferido, aliás, a história de Solfieri, uma das minhas preferidas, talvez, junto, se bem lembro, com a de Johann, em Noite na taverna, um dos meus livros preferidos, que há tempos gostaria de adaptar para o teatro, grandíssima pretensão a minha – ah, sim, por que não?, e encenar também, talvez num dos papéis masculinos, por que não?, pretensões maiores ainda, rs.
E a ponte me lembrou, e os girassóis (não, não há girassóis no Alvinho, como carinhosamente o chamávamos, não que eu lembre, pelo menos, e sim no Caio – estão vendo só? Entreguei o autor já, agora só falta eu me lembrar do livro, rs) me lembraram... Fantasmas. Damned little morbid side of mine, rs.
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