sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Cavalos que ladram

Até que morar com a minha mãe não é tão ruim assim. Até que dar aula pra crianças não é tão ruim assim. Até que acelerar o ritmo das aulas não é tão ruim assim. Tudo isso pelo pouco que pude experimentar disso tudo hoje. Deixando os apesares de lado, é bem capaz que eu acabe encontrando um lado filha, um lado mãe, um lado professora em mim. Que coisa – estranha? maravilhosa? fantástica? Brincar com as categorias do Todorov vá lá, querer ser boa filha e boa professora também, já se deixar levar pelo comprovadamente falso instinto maternal não, né? Era só o que me faltava. O pior é que essa minha inesperada atração por/em crianças – não, seus pervertidos!... rs – já está começando a me incomodar. Deve ser a idade, rs. Mas é criança que me procura pra brincar, é mulher grávida que me procura pra conversar... Confesso que fico meio lisonjeada – meio tentada?! Não, preciso me lembrar de que criança é uma gracinha no colo e no ventre dos outros. É, isso. Ah, e também preciso me lembrar de separar essas três coisas, filha, mãe, professora, claro. Diz a regra que não se deve misturá-las, ao menos no que diz respeito à coisa-professora, e eu obedeço.

E este final me lembrou Cortázar – “los caballos no ladran,” dice el doctor, y dice bien (“Inmiscusión terrupta”?) – e salvou a parte “arte” deste post. Não li nada, não ouvi nada nem remotamente relacionado a qualquer coisa mencionada aqui hoje e estava desesperada por uma idéia qualquer, rs. Bendito Julio, inquilino bem-vindo e perpétuo do meu subconsciente, que é tão pouco digno dele.